Presidente do BC admite que terá de explicar alta inflação
Publicado em 17 de de 2015 às 08:04 PM
BRASÍLIA - O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, admitiu pela primeira vez nesta quinta-feira que terá de enviar ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, uma carta para explicar os motivos que levaram a autoridade monetária a não cumprir a meta de inflação. Os principais motivos serão a alta do dólar e das tarifas públicas. Para isso, segundo ele, não há alta de juros que resolva esse problema imediatamente.
— Não há política monetária que compense, no curto prazo, um choque dessa magnitude — disse o presidente do BC no café anual que faz com jornalistas.
O objetivo era manter o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 4,5% ou no máximo dentro de uma margem de tolerância de dois pontos percentuais. No entanto, a inflação deste ano deve ter dois dígitos. A projeção dos analistas do mercado financeiro é de 10,6% neste ano. A lei determina que ele escreva uma carta com justificativas.
Tombini terá ainda de dizer quando voltará a cumprir o objetivo. Ele repetiu que o BC tem como objetivo levar a inflação para a meta de 4,5% em 2017. Ressaltou, entretanto, que no ano que vem a inflação ficará dentro da margem de tolerância e que o mercado já coloca uma forte queda da inflação nos próximos meses.
— Nós veremos um aumento da renda real para o trabalhador e alargamento do horizonte de projeções — frisou Tombini.
Sobre a perda do grau de investimento pela agência Fitch, nessa quarta-feira, Tombini disse que já era esperado. E que o Brasil já era visto como um país sem grau de investimento.
— Essas coisas não acontece da noite para o dia. Agora, temos de fazer o nosso dever de casa para retomar o crescimento sustentável e isso passa pela consolidação fiscal e aprovação de metas — disse ao se referir à votação da meta de economia para pagar juros da dívida (superávit primário), que tem de ser aprovada pelo Congresso.
Em relação à alta dos juros nos Estados Unidos, Alexandre Tombini afirmou que foi o movimento monetário mais esperado dos últimos tempos e também o mais preparado. E, por saber com muita antecedência, os mercados reagiram bem.
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— Os mercados entenderam a mensagem que será um movimento gradual e cauteloso.
Para finalizar o discurso, Tombini aproveitou para mandar um recado: O BC tem trabalhado sem a intervenção política.
— Vamos continuar a trabalhar de forma autônoma. O ano de 2016 será (...) de muito trabalho para colocar os trilhos nos eixos.